quarta-feira, 11 de maio de 2011

Um festival

Ontem é que foi, fiquei totalmente baralhado quando no trabalho soube que ia haver uma “meia-final” do festival da canção!!! Lá me tentaram explicar a coisa, ou seja a razão da existência de uma “meia-final”, partindo do exemplo do futebol… logo a mim, para quem o futebol é algo tão importante com o nº de piolhos que habita a carola do careca mais velho da América do Sul (onde raio fui buscar esta analogia??, mas já que está, fica mesmo assim). Bem, depois de muito esforço lá conseguir perceber, e ficar aliviado, que nesta “meia-final” só jogávamos fora, não tínhamos de receber cá no burgo aquela gente toda.

Depois da explicação fiquei tão entusiasmado que passei pela loja do chinês para comprar um cachecol e corri para casa onde me sentei frente à TV com o belo do cachecol, com um boné verde e vermelho e, como não podia deixar de ser, com  uma vouvozela (não sei bem se é assim que se escreve e o corrector também não).

No final da “meia-final”, lá comecei a tentar racionalizar a coisa. Aquela “meia-final” foi um verdadeiro festival, mas de indecisões, de dificuldades de formar opinião, uma luta entre o meu “eu” emocional e o racional, foi o que me aconteceu depois de assistir à actuação dos “Homens da Luta”.

O meu “eu” emocional, percebe a escolha desta canção como sendo um grito de revolta dos Portugueses perante a actual situação que o país atravessa, uma forma corajosa de mostrar ao mundo o que nos vai na alma, até porque já vai sendo tempo de batermos o pé e deixarmos de ser um povo de brandos costumes.

Depois, vem o meu “eu” racional falar-me ao ouvido, sussurrando que aquilo não tem ponta por onde se pegue, que não é trabalho que se apresente perante uma Europa a quem devemos mostrar sobriedade, mas, mesmo o meu “eu” racional não se admira muito com esta escolha vinda de um povo que reelege como presidente de câmara alguém acusado e condenado por crimes de corrupção; de um povo que compra tantos CDs de música do Zé Cabra que o faz ganhar vários discos de platina; de um povo que eleva a best-sellers “obras” escritas por prostitutas, ok, ex-prostitutas… Até o meu “eu” racional ficou indeciso

Dito isto, vejo-me perante uma situação complicada, como nem o meu “eu” racional, nem o emocional me deram argumentos suficientemente fortes a ponto de fazerem pender o braço da balança, vou ter de decidir em pura democracia, que é como quem diz: ouço a todos e decido sozinho!

Decisão tomada, vou comprar a música dos homens da luta, quer seja pelo seu ritmo alegre; quer seja por representar a ousadia de um povo; ou simplesmente para sorrir da nulidade musical que representa, tendo em conta o fim a que se destinava!

GdV

7 comentários:

  1. Um post que com muita "ironia" mas que retrata perfeitamente aquilo em que Portugal se tem vindo a tornar, concordo plenamente com o q aqui está escrito!
    Beijinhos

    Quanto ao comentário, é um facto, a maturidade só traz beneficios.

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  2. lol ... na minha opinião o seu eu emocional bem que podia concordar com o seu eu racional porque a revolta não significa forçosamente falta de qualidade artistica , veja-se José Mário Branco, Zeca Afonso, Sergio Godinho, ary dos Santos, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Tordo, Chico Buarque de Holanda, Leo Ferré, Jean Ferrat, Brassens, Dylan, Cohen, ... e podia continuar pelo menos até às 13h a dar-lhe nomes :-) :-)

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  3. Olá Fernando,
    É bem verdade, "...a revolta não significa forçosamente falta de qualidade artistica..."

    E que saudades de alguns desses Senhores da musica que referiu! Actualmente damos, ou dão, mais importância ao "show off" que ao conteúdo!

    Abraço,
    GdV

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  4. adorei o post, e música foi mesmo um "um grito de revolta dos Portugueses perante a actual situação que o país atravessa"

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  5. Que excelente descrição, não faria melhor. Plenamente de acordo.

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