Nos últimos dias tenho andado muito atarefado, os pobres dos meus neurónios (os que restam) andam numa luta constante a tentar “TOMAR UMA DECISÃO”. Tem havido assembleias de neurónios, referendos, votações e… nada, os pobres coitados não se entendem nem se conseguem desentender, uma confusão total.
Perante um cenário destes, lá tive de intervir e chamar os pobres coitados à razão, tentei perceber o porquê de tamanha azáfama, porque raio não conseguiam chegar a acordo e tomar a decisão para a qual os tinha desafiado. Pedi-lhes que olhassem para trás (não das costas, mas no tempo) e pensassem, quantas decisões tinham tomado que REALMENTE fossem diretrizes de vida, da nossa vida (minha e deles)… por momentos ficaram a olhar para mim com um ar embasbacado, como que a dizer – este passou-se, claro que tomámos dezenas de decisões dessas – mas, os momentos foram-se alongando e nada. Até que lá num canto, junto à orelha direita, se ouviu uma voz!
“Lembro-me que à muito tempo atrás decidimos casar!”
depois de uns momentos de silêncio, outra voz se fez ouvir:
“Pois, e de outra vez decidimos ter filhos!”
novo silêncio para logo se quebrar com outra voz:
“E também houve uma vez que decidimos comprar um carro!”
ao que logo se seguiu um chorrilho de vozes:
“Comprar um carro?? qual deles?? achas que isso foi diretriz de vida??, nada disso! Essa não teve peso suficiente para ser considerada uma diretriz de vida!”
depois de restaurada a acalmia, lá houve mais uma voz aventureira, desta vez junto à orelha esquerda:
“E daquela vez que optámos por um emprego mais arriscado mas que era o que gostávamos em detrimento de um mais certo e fácil mas que não nos dizia nada, essa conta?”
sim, essa conta, todos concordaram.
Depois de mais uns longos minutos de silêncio, os meus amigos neurónios lá chegaram à conclusão que nada mais tinham para dizer. No fundo, em algumas dezenas de anos de existência aqueles pobres diabos só tinham tomado 3 ou 4 (sim porque me lembro de pelo menos uma que não lhes ocorreu… já conto), dizia eu, só tinham tomado 3 ou 4 decisões que realmente podiam ser consideradas “diretrizes de vida”.
Depois desta conversa com os meus amigos neurónios, lá chegámos à conclusão que, afinal, a decisão que tínhamos para tomar não era assim tão difícil. Esta decisão nunca seria uma diretriz de vida e, com o espírito mais aliviado, lá nos decidimos por ir passar o fim-de-semana no campo em vez de ir para a praia!
Agora a sério, não sei se é só comigo, mas não consigo encontrar, ao longo da minha vida, mais do que meia dúzia de decisões que REALMENTE foram diretrizes de vida!
Já agora, uma delas e que os “piquenos” não se lembraram, foi a decisão de viver cada dia com “Ganas de Viver”!
GdV